Nesses últimos dias andei refletindo sobre algo que
até hoje não compreendo bem: o amor. Talvez não esteja sabendo ao certo me
expressar, porém não consigo parar de me perguntar onde foi que o respeito se
escondeu, por que é tão difícil para a maioria das pessoas serem fiéis e
principalmente leais umas com as outras? Até que ponto o certo ou o errado
influencia na vida amorosa de duas pessoas, e como lidar com a diferença de
pensamentos, culturas e maneiras de enxergar a vida?
Uns agem de tal forma, que não consigo não ficar
indignada. Chego até ser um tanto feminista, embora não aprecie os extremos. Um
feminismo que acabou se tornando fonte de proteção. Ao longo do tempo, a
relação entre duas pessoas que se gostam de alguma maneira, foi
transformando-se em brincadeira, em passatempo. São pouquíssimos aqueles que
realmente conseguem um relacionamento que valha a pena e que seja baseado em
princípios, tais como o respeito e a confiança.
Por falar em princípios, aonde foi que eles foram
parar? Confiança? Nesses tempos atuais? Reflita bem, você consegue confiar em
alguém de verdade, a ponto de reestruturar sua vida e adaptá-la para essa nova
fase que é a do relacionamento amoroso? São tantos casos decepcionantes
espalhados por aí, que aos poucos vai se tornando inevitável não desejar mais a
tão sonhada família. Filhos. Casamento. Mas no fundo, no fundo, ninguém deseja
envelhecer sozinho. Porém, está cada vez mais difícil entregar-se. Está cada
vez mais difícil a tal da reciprocidade.
O machismo, particularmente, é algo que acaba de vez
com a vontade de uma mulher construir uma bonita história de amor com um homem.
Isso não é bem novidade, por que nós, mulheres, não estamos mais dispostas a
nos submeter a certas situações, que infelizmente nossas bisavós, avós e até nossas
mães passaram. Somos independentes, donas de nosso próprio rumo. Hoje, sabemos
que a vida não se resume a um relacionamento, e que para ser mulher de verdade,
não é preciso casar e ter filhos.
A culpa dessa falta de coragem para amar, é a maneira
que os seres humanos passaram a encarar o envolvimento. Perdeu-se a
valorização. Perdeu-se o verdadeiro sentido de partilhar a vida com alguém. Até
porque partilhar a vida, inclui dividir os momentos felizes, mas acima de tudo,
os momentos de tristezas e dificuldades. Quantas pessoas você conhece, que
verdadeiramente estão dispostas a tudo isso? Quantas vezes você foi abandonado,
ou abandonou alguém que estava numa situação ruim? A paciência esvaiu-se. Foi
para o ralo. Basta um defeito aqui e outro ali aparecer, que você logo é
chutado. Como se o outro fosse perfeito, coisa que ele não é e nunca vai ser.
E a superficialidade? Tem que ser bonito, e o bonito
já tem um certo padrão. Tem que ser magrinha ou malhada para ser aceita. Tem
que ter cabelo longo e usar salto alto. Tem que ter bunda grande e cintura
fina. Tem que passar nos requisitos pré-estabelecidos pela sociedade, para
conseguir ter a chance de conhecer alguém. Por que infelizmente, boa parte de
toda essa gente, olha primeiro para o externo, e esquece que o que define uma
pessoa é o que ela tem por dentro. É nessa vibe que as pessoas quebram a cara.
Não sabem conhecer de verdade um indivíduo. Deixam aspectos importantes de
lado, e só quando passam para algo mais sério é que vão enxergando realmente
com quem foram se envolver. Logo, inicia-se a tal da dor de amor. E junto com
ela vem as frustrações, a tristeza, a decepção.
Acho engraçado aqueles casais que com um dia de namoro
já vão se declarando nas redes sociais e dizendo que se amam. Posso estar sendo
até um pouco fria, mas na real, o que é que eles sabem sobre o amor? A paixão é
forte, intensa e avassaladora. E nessa paixão, as pessoas se confundem e trocam
os pés pelas mãos. Tá apaixonado, e resolve dizer que ama. Depois de um mês, se
arrepende. Infelizmente essa situação é mais comum do que você pode imaginar. A
impulsividade do ser humano promoveu uma imensidão de ações que não deveriam
ser cometidas. A vontade de viver tudo de uma vez estragou tudo. Acabou o
romantismo. Acabou a magia de estar com alguém, e poder amá-lo. Claro que
existe uma pequena porcentagem do mundo que tem sorte. Porcentagem pequena
demais.
Só não posso dizer que já não acredito no amor, por
que deus é amor. Ele é a única esperança que vive no meu coração. A única chama
que me faz ter a capacidade de amar. Eu ainda acho que tenho essa capacidade,
só procuro alguém que tenha a capacidade de despertá-la. Enfim, o difícil não é
nem se encantar por alguém, mas manter-se desse modo.
Continuarei procurando por respeito, companheirismo,
lealdade, fidelidade, sinceridade e franqueza. Não, eu não busco um príncipe e
nem nada parecido, porque não existe. Caráter é algo que toda pessoa deveria
ter. Isso não é privilégio da perfeição. Por que perfeição humana está longe de
existir. Caso não encontre, nada terei a perder. Por que quando a gente dá
prioridade para as coisas certas da vida, nenhuma decepção é forte o bastante
para derrubar-nos.

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