Pular para o conteúdo principal

Minha vida, minha luta

Exatamente no dia 24 de março de 2015 tentei suicídio.
          Entrei numa depressão profunda, e sem medir minhas atitudes, escolhi a saída errada para fugir de todos os meus problemas. Foram oito dias na Unidade de  Tratamento Intensivo (UTI) e mais cinco dias na enfermaria. Fui diagnosticada com depressão grave, e por esse motivo passei a tomar três tipos de medicamentos controlados. Minha situação exige remédio pois caso contrário ainda existe chance de eu  cometer mais uma besteira.
          Quanto aos medicamentos, estou tomando hadol, que me impede de pensar e me ajuda a dormir, o citalopran, que é pro tratamento da depressão e o akneton, que me dá energia e também bloqueia meus pensamentos negativos.
           Muitas pessoas devem estar me criticando por eu ter feito o que fiz, e com certeza encaram a depressão como uma simples frescura. Mas não é nada disso.
          O cérebro de um depressivo apresenta grande escassez de serotonina e não funciona normalmente como de uma pessoa comum. Desse modo, ele sofre muito mais, pois só enxerga as coisas ruins da vida e acabam decidindo livrar da dor buscando a própria morte.
          Existem vários estágios dessa doença, e o meu é o mais grave de todos. Só estou viva hoje, pois acabei tropeçando nos meu planos e felizmente fui salva a tempo. Vocês devem estar se perguntado como foi que eu tentei ir embora desse mundo e eu respondo: Veneno. De todos os tipos imagináveis. Venenos que só não me mataram, porque eu fui tola o bastante de misturá-los com Coca-Cola para ajudar a descê-los, e foi justamente a Coca-Cola que retardou os efeitos dos venenos. Caso contrário, quando a ajuda chegasse já seria tarde demais.
          Não é fácil passar por uma experiência dessas. É traumatizante, principalmente se você morar numa cidade pequena, onde todos sabem da sua vida em questão de segundos. Como consequências de minha atitude, tenho que ouvir conselhos de pessoas que acham saber o porque de eu ter feito o que fiz. Tenho que ficar prometendo pra todo mundo que não repetirei meu erro. Hoje não consigo sair sozinha, pois perdi toda a confiança que tinha em mim mesma. Confiança que estou tentando recuperar aos poucos.
          Chorei muito, praticamente todas as noites e perdi a vontade de fazer qualquer coisa. Meu mundo parecia que tinha desabado e eu cheguei a conclusão de que não mereço viver, porque não sei viver.
          Além do tratamento via medicamentos, eu ainda frequento terapias com uma psicóloga maravilhosa. Sem esses dois amigos de mãos dadas para me ajudar, seria praticamente  impossível sair do meu estado depressivo. E para os que se perguntam se eu já superei isso, eu respondo que não. Aos poucos vou encontrado os meus caminhos, mas ainda estou numa situação extremamente complicada.
          Com a depressão manifestada, eu desenvolvi Tricotilonomia, a síndrome de arrancar cabelos. Num certo dia me olhei no espelho, e ao me deparar com aqueles pontos calvos na minha cabeça eu me desesperei completamente, então busquei ajuda psicológica para isso também. Hoje tenho que lavar meu coro cabeludo com um shampoo especial para poder tratar minha raiz. Pode parecer estranho, e admito que é. Passar o tempo todo com vontade de arrancar seus cabelos é muito preocupante e é caso sério. Em algumas pessoas, a Tricotilonomia se manifesta não apenas no ato de arrancar os cabelos, mas também de comê-los, e graças a Deus eu não desenvolvi esse quadro.
          Enfim, estou lutando para vencer essa doença, que sei que não tem cura mas tem controle. Se você passa por isso, ou conhece alguém que passa, não deixe de procurar ajuda, pois a Depressão mata.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Relato pessoal: Como estou me sentindo tomando Ansiodoron

  Para quem não sabe, o Ansiodoron é um tipo de remédio natural que auxilia no tratamento de ansiedade e problemas com insônia. Há vinte dias eu disse que iria começar a tomar ele e depois diria como tenho me sentido e resolvi falar um pouco sobre, porque já tenho visto alguns sinais benéficos. Para quem nunca me leu, eu fui diagnosticada com Depressão profunda e Transtorno de Ansiedade Generalizada há quase dois anos. Fiz todo o tratamento psiquiatrico e hoje não tomo remédio.  Minha decisão de tomar o Ansiodoron foi baseada no fato de que tenho tido muita dificuldade de lidar com a ansiedade generalizada. Embora ele não seja voltado para tratar esse nível de ansiedade, com ele vi uma espécie de suporte que eu poderia estar usando para me auxiliar.  Pois bem, comecei uma rotina de exercícios físicos em casa mesmo, e tentei melhorar minha alimentação ( ainda é um grande desafio). Tudo isso para somar com o Ansiodoron, porque ele não faz milagre.  No começo eu tomava ...

Minha única experiência com a CVV #relato pessoal

Você já ouviu falar sobre a CVV, ou melhor, o Centro de Valorização da Vida?  Esse centro é voltado para ajudar pessoas que pensam em suicídio ou que estão mal de alguma forma. Você consegue conversar com alguém e buscar apoio emocional através de chat, por exemplo. Mas hoje não vou me aprofundar sobre o CVV, vou apenas falar minha opinião sobre isso como alguém que um dia precisou dessa ajuda. Em primeira instância, eu acho maravilhoso ter um projeto como esse, afinal são muitas pessoas sem a possibilidade de fazer um tratamento psicológico e um apoio emocional faz toda a diferença. Eu não sei se algum de vocês, meus leitores, já foram ajudados por alguém da CVV, mas na época que fui atrás deles eu me frustrei muito e recentemente fui na curiosidade de novo para saber se o problema persistia. Sabe qual o problema? A grande fila de espera. Você passa horas na fila do chat para conseguir atendimento. Eu esperei tanto na primeira vez e quando fui atendida eu senti que era ...

Como você faz para ser tão forte?

Há uns dias atrás recebi um e-mail de uma pessoa me perguntando como eu era tão forte. E eu não sabia nem como responder isso. Não me vejo assim tão forte, embora eu saiba que exista uma força dentro de mim maior que eu, que pode tanto me ajudar como me ferir. Mas isso todos nós temos, só não temos ideia  do tamanho da dimensão de tudo isso. Acredito que o fato de eu reconhecer minhas fraquezas e limites é o que me faz me manter firme e enfrentando a vida, apesar de todos os obstáculos. Nós temos o costume de nos esconder, principalmente quando não estamos tão bem assim. Eu já fiz muito isso e em alguns momentos faço. Mas quando vejo que não está tudo bem de verdade, eu procuro entender e encontrar o que eu posso fazer para sair disso. Converso com quem confio, olho com mais carinho para mim mesma. Tem dias que são tão difíceis que parece que dessa vez nós vamos aguentar. Mas o que ajuda a superar é justamente isso. É você olhar para si mesmo e reconhecer que você não es...