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Medicação e as trocas

 




2021 começou a minha luta. Embora já estivesse sentindo sintomas a muito tempo foi em janeiro desse ano que fui buscar ajuda profissional.

Primeiro eu optei por ir em um postinho perto de casa para pegar um encaminhamento psiquiátrico pelo SUS, mas chegando lá o médico disse que ele podia prescrever a medicação se eu não quisesse esperar pela chamada psiquiátrica, que no SUS pode demorar. Como eu estava muito mal, fiquei com medo da demora e pedi a ele para receitar. Claro que ele nem quis me ouvir direito, muito rude, e ainda passou remédio errado. Sim, ele não passou só um antidepressivo, ele passou um antipsicótico que não é o meu caso. Logo desconfiei, mas fui para casa muito triste, minha esperança tinha morrido ali.

Depois de oito dias tomando esses dois remédios, eu tive uma crise de ansiedade enorme e abandonei o turno do trabalho. Eu simplesmente surtei e não consegui continuar. Só sabia chorar e tinha uma vontade enorme de fugir não sei para onde. 

Então marquei um Psiquiatra particular. Logo pro dia seguinte, já que no dia da crise eu liguei pra todos os médicos da cidade e nenhum tinha vaga imediata.

Foi numa sexta de manhã. Eu me arrumei como sempre faço e fui com minha mãe, mas eu pedi para ela não entrar na sala comigo. Eu tava mais segura porque eu paguei sabe.....

Eu me lembro de tentar falar e ele me cortar toda hora, ele me testou, me fez chorar e ter crise de ansiedade para ver se eu não tava mentindo, disse que eu não tinha depressão porque quem tem não faz a sombrancelha e nem entra sozinha na sala do médico. Insinuou que eu havia pesquisado a doença no Google pra só repetir os sintomas e ganhar afastamento do trabalho, como se fosse muito divertido viver de salário mínimo no Brasil.

Eu só queria morrer. Não aguentava mais até os médicos me maltratando. Quem iria me ajudar afinal?

Esse segundo médico disse que eu "só" tinha transtorno de ansiedade generalizada. No momento eu tive um alívio porque não queria ter voltado pra depressão, mas no fundo eu senti que tinha algo a mais aí.

Ele mudou meus remédios, tirou o antipsicótico (que piorou meu quadro) e passou remédios para ansiedade. Dois diferentes. Um pra manhã e outro para eu tomar toda vez que tivesse crise.

Passou trinta dias e eu não sentia melhora, quando fui marcar retorno não tinha data prevista então liguei para outra psiquiatra, dessa vez uma mulher, e disse a mim mesma que essa seria a última vez que eu buscaria ajuda.

Em fevereiro passei nela, expliquei todo meu caso e ela me deixou falar. Me ouviu. Se importou comigo. Foi mais de uma hora de conversa. Eu chorei tanto porque eu já estava preparada para ser humilhada de novo.

Ela trocou todos os meus remédios (detalhe que é a terceira mudança). Comecei a tomar antidepressivo e remédio para ansiedade, afinal estou com os dois. Iniciou-se um tratamento com 3 remédios diferentes, um no almoço, um na janta e um antes de dormir. 

Comecei a sentir mudança porque eu não conseguia nem levantar para tomar um banho, e eu comecei a ficar mais ativa embora continuasse deprimida.

Depois de um mês com essa nova medicação a doutora aumentou as doses e eu continuei tomando....porém meu quadro deu uma piorada bem drástica depois de três meses tomando os três medicamentos.

E aí teve que aumentar a dosagem de novo e ela aumentou os comprimidos. Passou a ser 5 por dia. Passei 15 dias tomando e eles e forma os piores 15 dias. Eu já estava a ponto de enlouquecer.

Minha ansiedade piorou, tive compulsão alimentar, minha memória está horrível (pareço uma senhora caducando), senti muito tremedeira e muita raiva de tudo e de todos ao meu redor. Minha vontade era de gritar.

Ontem, dia 17 de agosto de 2021 comecei uma nova medicação. Sim, a quarta troca, para ver se meu corpo responde melhor. Ela manteve o remédio de ansiedade que me ajuda mesmo, mas o antidepressivo teve que mudar infelizmente, já que com seis meses de tratamento não tive uma boa resposta.

Confesso que dá medo ficar trocando assim de medicamento. Medo de ficar pior sendo que eu sinto que já estou na pior sabe. Mas se a gente desistir, toda essa luta terá sido perdida.

Se der certo essa medicação eu vou contar a todos vocês. E sim, continuo afastada do trabalho tentando ficar bem.

Se você está passando por algo como eu não tenha medo. Lute mesmo, porque por mais que alguém te ajude só você pode te salvar.

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