Hoje vou contar minha experiência com os médicos que passei até seguir de fato com meu tratamento psiquiátrico atual. Em janeiro desse ano, fui em um postinho perto de casa para pedir um encaminhamento para o Psiquiatra do SUS. O médico mal me ouviu e disse que ele mesmo podia prescrever o tratamento se assim eu preferisse e como eu estava precisando urgente de um tratamento e tinha medo do SUS demorar eu aceitei a prescrição dele. Detalhe: ele é clínico geral, não está apto para fazer um diagnóstico psiquiátrico, mas pelo desespero e gravidade eu aceitei.
Ele fez muitas críticas e não me deixou falar quase nada. Simplesmente me receitou um antidepressivo e um antipsicótico e disse pra eu voltar em trinta dias e que se não voltasse avisasse pra eu não pegar o lugar de uma pessoa que precisa. E disse tudo isso em tom rude. Sai de lá com vontade de morrer. Me senti uma imbecil de ter ido pedir ajuda. Eu fui com uma pequena esperança e sai de lá com ela totalmente morta.
Comecei a tomar os remédios e decidi que eu não iria voltar lá em trinta dias. Claro, eu tomei os remédios já desconfiada, porque eu não tinha sintoma nenhum psicótico. Mas mesmo assim tomei. Decidi que em trinta dias iria voltar para um psiquiatra particular. Continuei trabalhando e vivendo a vida tomando a medicação.
Mas a cada dia que passava eu piorava. Em 8 dias tomando os remédios eu tive uma crise de ansiedade muito forte e larguei o trabalho no meio do expediente. Tentei ligar para todos os psiquiatras e ver se tinha uma vaga de urgência mas só tinha para o dia seguinte. Então eu agendei.
Era uma sexta feira de manhã, como meu marido estava trabalhando eu só tinha minha mãe para me acompanhar. Então eu dei uma arrumada na minha cara, botei uma base e um rímel, para ela não ficar mais preocupada do que já estava, afinal mãe sabe quando a gente não está bem, e fomos até o médico. Eu estava mais calma porque era particular e achei que dessa vez o mesmo me ouviria e me ajudaria.
Quando entrei na sala ele me olhou e começou a fazer perguntas. Eu mostrei a ele os remédios que eu tava tomando e comecei a tentar falar o que eu sentia. Ele começou a me cortar, disse que quem tem depressão não faz a sombrancelha nem entra na sala de consultório sozinha como eu. Insinuou que eu havia pesquisando a doença no Google para repetir os sintomas. Simplesmente me julgou como se eu só quisesse me afastar do trabalho para me divertir e ganhar dinheiro sem fazer nada. Pelo menos ele disse que o antipsicótico piorou meu quadro de Ansiedade e depois de ter me humilhado e me feito passar mal no consultório ele me diagnosticou com Transtorno de Ansiedade Generalizada. Mudou obviamente os medicamentos e me afastou por quatorze dias do trabalho.
No começo, com o choque, eu tava aliviada de saber que não era depressão. Porque de fato eu tava sentindo coisas muito além do que eu sentia antes ou que senti quando tentei suicídio. Mas com calma, quando caiu a ficha de como fui tratada eu desabei.
Tomei direitinho os remédios que ele passou mas eu não sentia melhora. Quando passou os quatorze dias e eu tive que voltar ao trabalho, eu não consegui. Então liguei para marcar a volta com ele, mas felizmente só tinha vaga para o final do mês e eu precisava pegar outro afastamento com urgência.
Dessa vez eu agendei com uma Psiquiatra mulher. No dia eu fui bem tensa já preparada para ser maltratada. Então eu decidi que seria a última tentativa. Quando entrei no consultório ela fez as perguntas de prache e começou a querer saber como eu estava me sentindo. Sim, ela quis me ouvir por mais de uma hora. Eu pela primeira vez me senti acolhida. Então um mar de esperança se abriu para mim. Ela mudou toda a minha medicação e hoje completam 6 meses que estou sendo avaliada por ela. Já teve aumentos significativos de doses mas ainda não tenho respondido bem a eles. Tanto que depois de quase seis meses usando o mesmo antidepressivo, tive que infelizmente mudar. Digo isso porque o corpo sofre com a troca de remédios e talvez por isso atualmente eu esteja me sentindo mal. Hoje eu faço tratamento para Depressão Maior e Ansiedade Generalizada. Estou sim com os dois e está sendo uma das fases mais difíceis psiquiatricamente falando da minha vida. Nem quando eu estava em uma UTI eu me senti tão mal como hoje. Mas enfim, como ela disse, tudo tem seu tempo e que as coisas vão se encaixar, mas não é do dia para a noite. A gente quer melhorar rápido né, mas às vezes demora muito mais do que a gente imaginava. E eu espero poder contar para vocês a minha superação dessa fase difícil. Se você tem as duas doenças ou pelo menos uma compartilhe comigo. Como sempre digo, compartilhar nos ajuda a não nos sentir sozinhos. Fiquem bem !

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