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Minha experiência com o Bullying

Quando eu tinha seis anos de idade entrei para a pré-escola e isso fora muito difícil, afinal eu era apegada muito a minha família e não convivia com pessoas estranhas. Fato este que teria que mudar.
Quando você vai para a escolinha pela primeira vez todo mundo diz para você que vai dar tudo certo, que você vai fazer amiguinhos e tal, mas comigo as coisas foram bem mais piores do que eu imaginei que seriam.
Não me lembro como tudo começou, pois era muito nova, mas me lembro muito bem de tudo que sofri naquele tempo. Para ser mais direta ao assunto, eu apanhava na escolinha e isso durou cerca de um ano. Meus coleguinhas de classe me agrediam tanto me dando insultos como fisicamente. Lembro que um deles me mordia e eu comecei a chegar em casa com marcas que começaram a chamar a atenção dos meus pais.
Eu era muito tímida e não tinha amizade com ninguém e sempre que chegava em casa tentava esconder meu sofrimento, mas as marcas da agressão não conseguiram mais se esconder, até que um belo dia eu tive que contar tudo para minha mãe. Para tentar resolver o assunto meus pais decidiram me mudar de classe e por um momento eu cheguei a pensar que as coisas mudariam, porém eu estava completamente enganada.
As agressões continuaram, só o que mudou foram as pessoas que me batiam. Com o passar do tempo comecei a achar que tinha algo de errado comigo. Passei a me culpar constantemente e me fechei para o mundo e para as pessoas. Foi aí que eu desenvolvi meu primeiro estágio de depressão. Até hoje eu acreditava que minha depressão se desenvolvera nos meus treze anos de idade, pois foi nessa época que meus pensamentos suicidas surgiram. Porém, durante minhas consultas ao psicólogo eu pude perceber que o problema já existia em mim há muito mais tempo.
Devido ao meu sofrimento que não acabava, meus pais decidiram me mudar de colégio. Mais uma vez acreditei que as coisas mudariam para melhor, mas novamente eu estava redondamente enganada.
Meu quadro de depressão desenvolveu em mim, o medo pelas pessoas. Eu simplesmente não conversava com ninguém na escola, nem mesmo com as professoras. Eu era literalmente “muda”. Em decorrência desse fator, eu não tinha amigos e sofria muitas zombações por isso na escola e o meu sofrimento só aumentava.  A dor da solidão e dos insultos perduraram por quatro anos. Na quinta série do ensino fundamental, eu pedi para que meus pais me mudassem de colégio mais uma vez, por que eu queria mudar minha situação. Queria conversar com as pessoas e fazer amigos. E foi o que realmente eu fiz.
Como eu já disse, sou tímida (ou pelo menos era) e por isso sempre foi difícil para mim fazer amizades novas. Quando cheguei no colégio me soltei completamente e pela primeira vez na minha vida eu consegui fazer amigos. Foi minha primeira vitória. Mas a alegria só durou dois anos. Depois disso, ganhei uma bolsa para estudar num dos melhores colégios da cidade e tive que mudar de escola deixando todos os meus amigos para trás. Foi muito difícil para mim, pois sabia que até conseguir fazer novos amigos eu viveria novamente com a solidão.
No novo colégio não foi tão ruim. Embora tenha demorado um ano para mim fazer amigos, as pessoas eram legais e os professores muito atenciosos. Então apesar de eu estar sozinha, eu não me sentia completamente sozinha. Fiquei no colégio por cerca de dois anos e depois disso tive que me mudar de estado e por isso consequêntemente tiver que mudar de colégio mais uma vez. Bom, a minha experiência num novo lugar me mostrou muitas coisas e em breve farei um texto dizendo tudo a vocês. Neste texto eu quis mostrar a minha experiência com o bullying, que foi muito marcante e doloroso na minha vida, porque eu não entendia porque as pessoas faziam aquilo comigo. E ao invés de culpar os outros eu me culpava. Isso gerou muita dor e sofrimento, e por isso eu gostaria de alertar as pessoas sobre esse problema, que pode gerar consequências graves no psicológico de uma pessoa. Para quê maltratar alguém, tanto em palavras como fisicamente? O que se passa na cabeça dessas pessoas? Será que sentem melhores ao fazerem isso? Espero que um dia eu compreenda o sentido disso tudo. Por que convenhamos: não faz sentido algum.




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